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  • Humberto Amadori

AGEÍSMO: Quando a doença é o preconceito

R.Z., 79 anos, masculino, músico, escritor e pintor, independente para atividades básicas, intrumentais e avançadas da vida diária. Cognição presumivelmente preservada.


Agora às vésperas de adentrar a quarta idade, talvez tenha sido aos 51 anos de vida que ele tenha sido acometido por uma doença para qual nenhuma abordagem farmacológica é eficaz: Ageísmo.

Ageísmo (ou etarismo ou idadismo) é o termo que caracteriza o preconceito e a consequente discriminação a pessoas de mais idade. Permitam-me neste caso estender o termo para alguém que - na época - tinha menos de 60 anos. Aos 51, ele - também conhecido como Bob Dylan - recebeu uma sentença de morte para quem é um influente artista: Foi homenageado pelo CONJUNTO DA OBRA. Espécie de homenagem póstuma para alguém que ainda vive, celebração do " foi" e negação do "é" e "será". Desavisadamente, decretaram que Bob Dylan entrou em terminalidade artística.

Aos 56, precisou de uma experiência de quase-morte para ressuscitar criativamente: Uma manifestação incomum de uma doença incomum. Imagino que seus médicos ouviram cascos, pensaram em zebras e cavalos - mas depararam-se com um unicórnio: Uma histoplasmose desencadeando uma pericardite - reconhecida tardiamente. Depois de 6 semanas de tratamento antifúngico, Bob Dylan estava de volta, reinventado pela enésima vez.


Time Out of Mind (1997) é um de seus melhores álbuns. Venceu o o aclamadíssimo OK Computer do Radiohead como álbum do ano e ajudou a catapultar a carreira da estreante Adele - então com 19 anos. Love an Theft (11 de setembro de 2001) e Modern Times (2006) encerram a relevante trilogia. Aos 74 anos (2015), mais uma vez se afastou de sua zona de conforto: Com sua voz imperfeita - mistura de areia e cola, de acordo com David Bowie - lançou dois álbuns de reinterpretações de Frank Sinatra. Funcionou.

Em 2016, Bod Dylan ganhou o prêmio Nobel de Literatura ou mais acertadamente, conforme Adriana Calcanhotto: O Prêmio Nobel ganhou Bob Dylan. E depois do prêmio "pelo conjunto da obra", o que ele fez?

Em abril de 2020, no mundo do imediatismo de gifs e videos de whatsapp, ele atingiu pela PRIMEIRA VEZ o topo de uma parada da Billboard com uma canção de 17 minutos sem refrões. Há algo mais antianti-aging do que isso?

***

Velocidade de marcha presumivelmente superior a 0,8m/s. Força de preensão palmar possivelmente superior a 27 kgf, considerando a destreza na execução de acordes com pestana em seu intrumento. Nenhuma queda nos últimos 12 meses. Vários auges nas últimas décadas e quem sabe, uma fratura nos alicerces do comportamento social que ceifa o envelhecimento bem sucedido de nossos idosos.

A: Bob Dylan tem futuro.

P: "O objetivo da vida não é sobre se encontrar. Ou encontrar qualquer coisa. A vida é sobre criar a si mesmo."

Robert Zimmermann (vulgo Bob Dylan)



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